domingo, 31 de março de 2013

Desses que doem nos olhos e no coração*




"Aproveite os bons ares de Buenos Aires para expirar J. L. Borges e inspirar O Aleph. Aquele ponto imaginário e jogado no infinito: o início e o fim de todas as coisas: onde cabe tudo e nada cabe, onde os sonhos se comprimem em alguma realidade distante e tão próxima para curar e estancar todas as dores que insistem em nos fazer sangrar. Jorge Luís Borges, mesmo quando usa uma linguagem complicada, no fundo só quer dizer uma coisa: que ama. E quando diz que ama, só quer dizer: que vive. E quando diz que vive: só quer se aproximar cada vez mais da morte. E morrer não é não mais respirar: é não querer enxergar a beleza da vida. E para isso não é preciso de olhos, de visão: sonhar é a mais bela forma de ver o mundo. Borges, de tanto amar e não ser compreendido, ficou cego. E mesmo cego, encontrou novas maneiras de sonhar o mundo e admirar a poesia. Infeliz deve ter sido por não ter conhecido a grandeza dos seus olhos negros. Com certeza seriam O Aleph de todas as belezas e de todas cores do mundo. Eu conheci os seus olhos: eu estive no seu mundo. E através deles vi o início e o fim das coisas, vi que tudo tem um começo, um meio e incontáveis fins, vi também que o amor é um ponto distante no universo onde cabe tudo e nada cabe, onde os sonhos se comprimem em alguma realidade distante e tão próxima de nós e nos curam de todas as dores que insistem em nos fazer sangrar. [estanque-me; antônio]"
Eu me chamo Antônio

*Título retirado de um das crônicas da Marla de Queiroz

Nenhum comentário:

Postar um comentário